A VERDADE DO EVANGELHO

MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY

por Charles G. Finney

 
CAPÍTULO XII.

AVIVAMENTO EM WESTERN

 

Já havia mencionado como me desviei para visitar Western, quando voltava daquela reunião de Sínodo em Utica. Neste lugar começaram uma série de reavivamentos, conhecidos como os avivamentos da margem ocidental. Partindo daquilo que sei, estes avivamentos atraíram atenção em primeiro lugar, tendo provocado uma certa oposição do Este e erigiu aquilo que começou a ser conhecido por "Novos Métodos".

As igrejas da região eram quase todas Presbiterianas. Naquele condado existiam, contudo, alguns ministros Congregacionalistas que se chegaram a intitular a eles próprios de "A Associação Oneida", os quais, por essa altura, publicaram um panfleto contra estes avivamentos. Era tudo quanto sabíamos deles, pois os panfletos diziam muito pouco sobre eles. Pensamos em todo caso, que esta associação era a grande responsável pela oposição que se desencadeou a partir do Este. O seu líder, o Rev. William R. Weeks, como era conhecido, abraçou e fez tudo para propagar as doutrinas do Dr. Emmons e insistiu muito naquilo que ele próprio chamaria de o "Esquema Divino Eficiente". Os seus pontos de vista peculiares tornaram este homem em alguém que suspeitava de tudo aquilo que não sintonizasse com seus próprios pontos de vista, tanto a nível de pregação, como nos meios de desencadear e promover os avivamentos. Ele parecia ter pouca ou nenhuma confiança em qualquer ponto de vista que não subjugasse um homem aos seus métodos de "Eficiência Divina" e de "Soberania Divina". E como todos nós quantos arduamente trabalhávamos nestes avivamentos nunca depositámos nenhuma simpatia pelos seus pontos de vista, era natural que ele também, em retorno, não depositasse qualquer confiança na veracidade destes avivamentos. Mas nunca supusemos que toda aquela avalanche de oposição pudesse haver originado na sua totalidade apenas a partir dessa Associação.

Nunca houve qualquer resposta às cartas publicadas que chegaram ao domínio do público, nem a nada de tudo aquilo que se publicou contra estes avivamentos. Aqueles de nós que estivemos ocupados em laborar neles, tínhamos tanto em nossas próprias mãos, nossos corações estavam tão cheios e transbordantes acerca da obra de Deus por ali, que nem pensamos em nos voltar para prestar atenção a tudo quanto essas mesmas cartas diziam através de publicações e relatos, as quais nem por sombras continham nelas um qualquer relato que se pudesse ter como fiel de tudo quanto acontecia ali no Oeste (Western).

O facto de que nenhuma resposta havia sido dada a essas cartas que se tornavam públicas, deixou toda a gente à deriva quanto à verdadeira dimensão destes avivamentos e, onde os factos nunca chegaram a ser conhecidos, todos interpretaram muito mal o verdadeiro carácter destes mesmos avivamentos. Tanta má compreensão foi aludida e gerada, fazendo com que aquela obra de Deus chegasse a ser referida por homens piedosos e bons de que estes avivamentos mesmo sendo a inegável obra de Deus, assumiam no entanto uma conduta desagradável de desordens e diziam que continham coisas neles que dificilmente se saberia como aceitar, sendo tido como tendo resultados deploráveis.

Tudo isto foi um grandioso equívoco. Irei relatar tão fielmente quanto me for possível as características reais destes mesmos avivamentos, os meios e mecanismos usados e usufruídos neles para sua promoção e desvendar na melhor das minhas capacidades, seu verdadeiro carácter e seus resultados. Entenda-se que muitas testemunhas bem intencionadas poderão sempre atestar o que aqui relato e caso esteja incorrecto em algum pormenor, peço para ser corrigido sobre ele.

Voltemos então para Western, onde estes avivamentos começaram, em Oneida County. Referi que o Sr. Gale morava numa fazenda em Western. Ele dava emprego a alguns jovens, os quais cultivavam seus terrenos enquanto que ele lhes ensinava a Palavra de Deus, estando também a tentar recuperar seu estado de saúde física. Fui directamente para sua casa e fui seu hóspede durante várias semanas. Cheguei lá numa Quinta-Feira creio e nessa mesma tarde havia por ali uma reunião de oração, no salão escolar, perto da igreja. Aquela igreja não tinha ministro fixo e o Sr. Gale estava incapacitado para pregar. Ele, na verdade, não fora ali para ser pregador dessa igreja, mas com a intenção de restabelecer seu estado de saúde. Creio que de vez em quando eles tinham um ministro. Mas quando cheguei lá, creio que não tinham reuniões regulares, na Igreja Presbiteriana. Havia lá três Presbíteros, juntamente com um punhado de membros fixos. Mas a igreja era muito pequenina e a religião estava muito por baixo, muito abaixo da marca desejável d'água. Parecia não despontar qualquer tipo de vida dali, nem tão pouco coragem para erguer algo que se assemelhasse à obra de Deus. Os crentes nada faziam para assegurar o arrependimento dos pecadores, nem a santificação de toda a igreja.

Pela tarde, o Sr. Gale convidou-me a ir àquela reunião de oração e assim fiz. Pediram-me então para liderar a reunião, mas declinei, pois esperava passar ali aquela tarde apenas e por essa razão preferi ouvir o que diziam e oravam, mais do que participar da reunião em si. A reunião foi aberta por um dos Presbíteros da igreja, o qual leu um Capítulo inteiro da Bíblia, depois leu um hino, o qual cantaram também. Depois disso, ele fez uma longa oração. Ou melhor, uma certa exortação e narração &endash; nem sei o que lhe chamar sequer. Ele dizia ao Senhor quantos anos a fio eles faziam aquela reunião semanalmente e como nem uma resposta havia sido concedida às suas orações. Ele fazia tais afirmações e confissões que me chocaram na sua grande maioria. Depois de haver terminado, outro Presbítero começou a orar, usando o mesmo fio de expressão. Leu um hino, cantaram-no para, de seguida, começar a fazer uma longa oração, cobrindo os mesmos terrenos e aproveitando para colmatar alguns argumentos que na oração anterior haviam sido omitidos. Depois levantou-se o terceiro Presbítero com o mesmo realce e na mesma conduta. Por aquela altura, eu podia mesmo dizer com Paulo que o meu espírito se comovia em mim. Eles terminaram seu ritual e antes mesmo de despedirem as pessoas, um daqueles Presbíteros perguntou-me se eu não poderia fazer uma pequena observação antes de se irem dali. Levantei-me e peguei em todos os seus argumentos e confissões como texto. Pareceu-me mesmo que Deus me concedeu uma grandiosa inspiração de lhes proporcionar uma inquisição terrível de todos os seus pecados.

Quando me levantei não tinha ideia do que lhes iria dizer, mas o Espírito de Deus descendeu sobre mim e pegou em suas orações e confissões e dissecou-as por inteiro. Eu coloquei seus argumentos perante eles e perguntava-lhes se aquilo era uma reunião de oração ou um festival de acusações, uma zombaria em momentânea para denegrirem Deus abertamente, onde explicitamente culpavam Deus de tanto tempo haver passado sobre seus pedidos e descarregando as culpas sobre a soberania de Deus.

Logo à partida pude observar que estavam com cara de se irar muito, pois esperavam uma palavra de conforto de minha parte. Alguns deles relataram-me mesmo, mais tarde, que se estavam preparando para se acometerem contra a minha pessoa. Mas segui todo o seu trilho, todo o rastro que suas orações deixaram para trás até que o Presbítero, o qual era tido como líder ali, o que abriu aquela reunião, rebentou em lágrimas exclamando: "Irmão Finney, isso é tudo verdade!" Ele caiu sobre seus joelhos e chorou amargamente, muito alto mesmo. A partir dali, todos se quebrantaram. Cada homem e cada mulher caíram pesadamente sobre seus joelhos. Não havia mais que uma dúzia de pessoas ali presentes, mas estavam ali todos os líderes da igreja local. Todos eles choraram amargamente e quebrantaram-se diante de Deus. Aquela cena perdurou por cerca de uma hora inteira. Acho que ouvi muito poucas confissões tão vastas e tão integras como aquelas que presenciei naqueles momentos.

Assim que se recuperaram daquela compungida clemência, eles rogaram-me que ficasse por ali para lhes pregar no Domingo. Vi nesse pedido a voz de Deus e consenti em fazê-lo. Era quinta-feira, pela noite. Na sexta-feira, minha mente estava grandemente perturbada. Fui com alguma frequência para a igreja para orar e tive mesmo uma poderosa unção de Deus, conseguindo obter Sua atenção por inteiro. A notícia circulou e naquele Domingo a igreja estava a abarrotar de ouvintes. Preguei o dia inteiro e Deus desceu sobre eles com grande poder e era evidente de como a graça de Deus saia a afectar todos ali presentes, começando assim Sua obra. Marquei variadíssimas reuniões por toda a vila, nos salões escolares, no centro, durante toda aquela semana. Toda Obra se acelarava então, de dia para dia.

 

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